Às vezes, o coração sobe antes mesmo de perceber que já começou a caminhar.
Há momentos que não fazem barulho. Chegam com a delicadeza de um olhar, com o silêncio de um gesto simples — e, ainda assim, mudam tudo. São encontros que não precisam de palavras para começar. Bastam olhos que se cruzam e corações que reconhecem, antes mesmo de entender.
Na música “Degraus para o Amanhã”, da dupla Nádia & Eu, essa sensação é transformada em melodia: dois desconhecidos se cruzam no ônibus, e algo nasce ali, na sutileza de um instante. Um sorriso, um brilho no olhar, o som do destino se ajeitando no fundo do peito.
“Subiu os degraus, encontrou seu canto / Ela entrou, cheia de encanto…” — assim descreve a canção, como se o amor tivesse escolhido aquele trajeto, aquele banco, aquela hora. E assim acontece, tantas vezes, na vida real. O amor não marca hora, não manda aviso. Ele se apresenta na pausa entre compromissos, no breve cruzar de caminhos cotidianos.
Quantas vezes ignoramos esses degraus? Aqueles pequenos sinais que poderiam nos conduzir a algo novo? Às vezes, o início de uma história não começa com um beijo, mas com um gesto distraído, um tropeço leve, uma presença inesperada que chega para ficar.
Essa matéria não é só sobre amor romântico. É sobre recomeços. Sobre estar aberto ao novo mesmo quando tudo parece rotina. Sobre a coragem de olhar para o lado e ver alguém — ou algo — com olhos de quem acredita que o próximo degrau pode mudar o rumo da vida.
Na pressa do mundo moderno, é fácil não enxergar. Mas talvez a beleza esteja justamente aí: no não planejado, no não dito, no que se revela quando nos permitimos sentir.
Porque o amor, às vezes, começa em silêncio. E o primeiro passo é só perceber.