Há 33 minutos
Atividades ocorrem com 29 socioeducandos nas unidades do estado e já alcançaram mais de 1 mil estudantes da rede pública de ensino
Foto: Ygson França/Sejusc
A ressocialização dos adolescentes que cometem atos infracionais no Amazonas ganhou uma nova dinâmica. Por meio do programa ‘Eu Lidero’, a Secretaria de Estado de Justiça, Direitos Humanos e Cidadania (Sejusc) vem trabalhando com 29 socioeducandos para o desenvolvimento socioemocional e interpessoal como abordagem para a mudança de vida dos indivíduos.
Fruto de uma parceria com a Organização não Governamental Oliveira Foundation, firmada em abril de 2024, a capacitação oferece ferramentas e recursos essenciais, como livros e orientações, para promover a aprendizagem sistemática infanto-juvenil, focada no desenvolvimento emocional saudável e no fortalecimento de valores de liderança.
Aplicada nas unidades socioeducativas de semiliberdade e internação do estado desde o fim do ano de 2024, o programa integra as atividades de ressocialização dos adolescentes semanalmente, incentivando as habilidades de relacionamento interpessoal e intrapessoal, fortalecendo a autoestima, tomada de decisões de forma responsável e com liderança, além de ter maior rendimento escolar e qualidade de vida.
De acordo com a psicóloga Cleocimar Machado, do Centro Socioeducativo de Internação Feminina – situado na zona centro-oeste da capital – o programa é um complemento para as políticas do sistema, sendo importante para a melhor reinserção social desse infrator.
Foto: Ygson França/Sejusc
“O programa trabalha dois aspectos muito importantes para o sistema: o primeiro é a questão das relações interpessoais que são significativas para os adolescentes que estão nesse período de desenvolvimento. E o outro é a questão da liderança, o empoderamento desses adolescentes que chegam aqui fragilizados emocionalmente, vindos de um contexto vulnerável nas famílias e que, muitas vezes, foram negligenciados”, explicou a psicóloga.
“O ‘Eu Lidero’ resgata essas potencialidades dos adolescentes e, a partir daí, eles podem reconhecer os seus valores mesmo diante do ato infracional cometido. Podem pensar ‘Eu sou capaz, e a partir desse momento que eu estou aqui, que esse não é o fim, mas é o reinício da minha história’”, acrescentou.
Mudança
Para Bruna*, socioeducanda, de 16 anos, participar das atividades mudou não apenas sua percepção sobre si, mas auxiliou na conquista de mais confiança, comunicação e firmeza sobre suas atitudes. Integrada ao sistema desde dezembro de 2024, ela comentou que não gostava das reuniões inicialmente, mas agora consegue perceber como aplicar o conteúdo em sua vida.
“Acho muito importante quando a gente tem a reunião desse livro porque antes eu não falava, tinha medo de mangarem de mim. Agora eu agradeço pelos ensinamentos e eu vou levá-los para a minha vida quando eu sair daqui, pois eu aprendi muitas coisas, tipo dizer ‘Não’ às pessoas. Antes eu dizia apenas ‘Sim’ para não magoar ninguém, mas percebi como é importante saber dizer [não], porque mais à frente vemos as consequências e até para não ir por outros caminhos”, refletiu Bruna*
Aplicação
Ao todo, já foram mais de 1 mil crianças e adolescentes contempladas pelo programa desde o início da parceria, por meio dos treinamentos onlines e presenciais realizados também com estudantes da rede pública de ensino do Amazonas.
Coordenada pela Secretaria Executiva de Direitos de Crianças e Adolescentes (Sedca), o programa atua com crianças e adolescentes de 9 a 18 anos, sendo a metodologia desenvolvida pela Maxwell Leadership Foundation.
Nome fictício da socioeducanda