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A final do torneio, neste fim de semana, na RDS Puranga Conquista, marca o início da semana do Meio Ambiente


A Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Puranga Conquista, gerida pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema), realizou a primeira edição da Liga Ribeirinha Sustentável, iniciativa inédita que une esporte, meio ambiente e fortalecimento comunitário. A final do campeonato de futebol ocorreu neste fim de semana, na comunidade Pagodão, em Manaus.
Além do espírito esportivo, o torneio tem um diferencial ambiental: faltas e penalidades aplicadas durante os jogos são convertidas em mudas de árvores nativas. Organizada pela Associação de Povos e Comunidades Tradicionais (APCT) da RDS, a competição contou com apoio do Projeto de Recuperação Ecológica e Implantação de Sistemas Agroflorestais Multifuncionais, o Reflora, iniciativa do Instituto de Pesquisas Ecológicas (Ipê).
“Isso mostra que as ações de educação ambiental e as atividades que são desenvolvidas pela Sema com o apoio do Programa Áreas Protegidas da Amazônia (Arpa) estão surtindo efeito nas Unidades de Conservação, ainda mais que muitos dos jogadores são agentes Ambientais Voluntários ou participam do monitoramento da biodiversidade da Unidade”, afirmou a gestora da UC, Shayene Rossi.
As mudas, que incluem 10 espécies locais, foram doadas ao Reflora. Atuando há um ano na RDS, o projeto promove a recuperação de áreas degradadas, implantando viveiros e capacitando moradores. Cerca de 8 mil mudas já foram plantadas com o apoio das comunidades.
“O Projeto tem um objetivo bastante audacioso, que é a restauração de 200 hectares de áreas desmatadas, queimadas, ou ambientes que têm um certo tipo de vegetação mais empobrecida. A ideia é trazer essas espécies nativas, tanto madeireiras quanto frutíferas, novamente para esses locais”, explicou a engenheira florestal do projeto Reflora, Ananda Rebelo.

Foto: Noir Miranda/Sema
Esporte e educação ambiental
O campeonato contou com a participação das 17 comunidades da RDS. Com início em fevereiro, a liga envolveu equipes masculinas e femininas em sete rodadas, além das etapas eliminatórias de quartas de final e semifinal. Os jogos reuniram times e torcedores das comunidades da RDS, movimentando a economia e o entretenimento local.
“Todas as penalidades são pagas com mudas frutíferas e mudas nativas, para reflorestar as áreas que foram degradadas, e outras para enriquecer a agricultura familiar, ou áreas de Sistema Agroflorestal (SAF). Estamos com o planejamento, já finalizando agora, de dar continuidade nessa liga para o ano que vem, se Deus quiser com mais parceiros, onde a gente quer envolver também a participação das crianças,” declarou Raimundo Leite, gestor da APCT.

Foto: Noir Miranda/Sema
O troféu das finais foi esculpido no formato de uma muda de jatobá, utilizando uma tora de madeira trabalhada pelo Agente Ambiental Voluntário e monitor da biodiversidade, Jovenilson Souza Corrêa, o “Tico”. Ele, que é agricultor e coordenador geral da Liga, foi o idealizador do campeonato.
“A gente começou numa rodada de bolão. Eu vi que as comunidades não estavam mais jogando futebol. Aí a gente começou, fizemos 16 rodadas de encontro. Aí eu pensei na ideia ‘por que não a gente fazer um campeonato diferente?’. Então eu levei a ideia para o Raimundo, de tentar unir uma potência por necessidade e uma potência por prazer e lazer, que é o esporte”, contou.

Fotos: Noir Miranda/Sema
Além da doação de mudas, Tico juntou os quatro times finalistas da liga masculina para fazer um mutirão de limpeza dos rios e igarapés da Reserva. “A gente se surpreendeu com o que tem jogado nos nossos rios, e olha que a população é pequena. Eu mensurei garrafa pet, a gente juntou, só na nossa área, a faixa de 1 mil garrafas PETs em uma ação de meio dia”, contou.
O Agente Ambiental mora na reserva desde que nasceu, há 31 anos. Segundo ele, antigamente o pensar em relação à preservação ambiental era diferente dos dias de hoje. Com a mudança de pensamento das pessoas, ele entende que a Amazônia representa muito mais para as comunidades da forma que ela é: preservada e viva.


“A gente tem que valorizar essa natureza que a gente tem ao nosso redor, tentar de alguma forma repor o que a gente já tirou dela, para que ela se torne para os nossos filhos, nossos netos, o que um dia foi para a gente no início”, finalizou.
Áreas Protegidas
A atividade foi financiada por recursos do Programa ARPA (Áreas Protegidas da Amazônia), uma iniciativa conjunta patrocinada por agências governamentais e não governamentais para expandir a proteção da floresta amazônica. Coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança Climática, tem o Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio) como gestor e executor financeiro. No Amazonas, é executado por meio da Sema, em 24 Unidades de Conservação do Estado.